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Demissão sem Justa Causa: O Que é, Direitos do Trabalhador e Como Funciona

Foto do escritor: Portal Jusatualiza. Portal Jusatualiza.

A demissão sem justa causa é uma das formas mais comuns de encerramento do vínculo empregatício no Brasil. Nesse tipo de desligamento, a empresa decide encerrar o contrato de trabalho de forma unilateral, sem que o trabalhador tenha cometido nenhuma falta grave que justifique a demissão.





demissão sem justa causa

Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que é a demissão sem justa causa, quais são os direitos garantidos ao trabalhador, como funciona o processo de desligamento e quais as obrigações da empresa nesse tipo de rescisão.



O Que é a Demissão sem Justa Causa?

A demissão sem justa causa ocorre quando o empregador decide encerrar o contrato de trabalho com um funcionário sem que o trabalhador tenha cometido um ato que justifique a demissão por justa causa. Ou seja, a empresa não precisa apresentar um motivo grave para a dispensa, mas deve seguir as obrigações legais previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Embora o empregador tenha a liberdade de dispensar um funcionário sem justa causa, ele precisa arcar com uma série de direitos e verbas rescisórias garantidas ao trabalhador, como aviso prévio, multa do FGTS e pagamento das férias proporcionais, entre outros.


Direitos do Trabalhador em Caso de Demissão sem Justa Causa

Quando o trabalhador é demitido sem justa causa, ele tem direito a uma série de verbas e benefícios que visam compensar o encerramento do contrato de trabalho de maneira repentina. Veja abaixo quais são os principais direitos do trabalhador:


1. Aviso Prévio

O aviso prévio é um dos principais direitos na demissão sem justa causa. Ele pode ser:

  • Aviso prévio trabalhado: Se a empresa optar por que o funcionário continue trabalhando durante o período de aviso, o trabalhador deverá cumprir até 30 dias de trabalho adicionais. Durante esse período, ele terá direito a duas horas diárias de redução na jornada ou a sete dias corridos de dispensa no final do período.

  • Aviso prévio indenizado: Caso a empresa prefira não manter o funcionário trabalhando durante o período de aviso, deverá indenizá-lo pelo tempo correspondente. Nesse caso, o trabalhador receberá o valor equivalente ao seu salário, referente aos dias de aviso.


2. Multa de 40% sobre o FGTS

A empresa deve pagar uma multa de 40% sobre o saldo total do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Esse valor é calculado sobre todas as contribuições feitas pela empresa durante o contrato de trabalho. A multa deve ser depositada na conta do trabalhador junto ao FGTS.


3. Saldo de Salário

O saldo de salário corresponde ao valor proporcional aos dias trabalhados no mês da demissão. Se a demissão ocorrer no meio do mês, por exemplo, o trabalhador tem direito a receber o salário correspondente aos dias trabalhados até o desligamento.


4. Férias Vencidas e Proporcionais

Se o trabalhador tiver férias vencidas (períodos aquisitivos completos), ele terá direito ao pagamento das férias não gozadas, acrescidas de 1/3 constitucional. Além disso, o trabalhador também receberá o valor proporcional das férias relativas ao tempo trabalhado no ano em que ocorreu a demissão.


5. 13º Salário Proporcional

O trabalhador tem direito a receber o valor proporcional do 13º salário, referente aos meses trabalhados no ano da demissão. O cálculo é feito com base nos meses completos trabalhados, sendo que a cada mês de trabalho, o trabalhador tem direito a 1/12 do valor do 13º salário.


6. Saque do FGTS

Além da multa de 40% sobre o FGTS, o trabalhador poderá sacar o saldo total do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Para isso, é necessário que a empresa comunique o desligamento e efetue o depósito da multa, permitindo ao trabalhador acessar os valores acumulados.


7. Seguro-Desemprego

O trabalhador demitido sem justa causa também tem direito ao seguro-desemprego, desde que cumpra os requisitos estabelecidos. Para ter direito ao benefício, o trabalhador deve:

  • Ter trabalhado por, no mínimo, 12 meses nos últimos 18 meses (no primeiro pedido).

  • Ter sido demitido sem justa causa.

  • Não estar recebendo benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente.

O valor e o número de parcelas do seguro-desemprego variam conforme o tempo de serviço e o salário do trabalhador nos últimos meses.


Procedimentos da Empresa na Demissão sem Justa Causa

Para que a demissão sem justa causa seja formalizada, a empresa deve seguir uma série de procedimentos legais e administrativos. Esses passos visam garantir que o trabalhador tenha acesso a todos os seus direitos e que o processo seja conduzido de forma justa. Confira os principais passos:


1. Comunicação da Demissão

A empresa deve comunicar formalmente ao trabalhador sobre sua demissão, seja de forma verbal ou por meio de uma carta de desligamento. Nesse momento, o empregador deve informar se o aviso prévio será trabalhado ou indenizado.


2. Cálculo das Verbas Rescisórias

A empresa é responsável por calcular todas as verbas rescisórias a que o trabalhador tem direito, incluindo aviso prévio, saldo de salário, férias proporcionais e 13º salário proporcional, entre outras. Esses valores devem ser pagos ao trabalhador no prazo legal.


3. Pagamento das Verbas Rescisórias

O prazo para o pagamento das verbas rescisórias é de até 10 dias corridos a partir da data da demissão, independentemente de o aviso prévio ser trabalhado ou indenizado. O pagamento pode ser feito em depósito bancário ou em cheque, conforme acordado com o trabalhador.


4. Homologação da Rescisão

Em contratos com mais de um ano de duração, a rescisão deve ser homologada no sindicato da categoria ou em uma Superintendência Regional do Trabalho. A homologação é uma garantia de que o trabalhador recebeu todas as verbas devidas e que o processo de demissão foi feito conforme a lei.


5. Entrega de Documentos

A empresa deve fornecer ao trabalhador os seguintes documentos:

  • Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT): Documento que detalha todas as verbas pagas na rescisão.

  • Guia para saque do FGTS: Permite ao trabalhador acessar o saldo do FGTS.

  • Guia do Seguro-Desemprego: Documento que possibilita ao trabalhador solicitar o seguro-desemprego.


O Que Não é Devido na Demissão sem Justa Causa?

É importante lembrar que, na demissão sem justa causa, o trabalhador não tem direito a algumas verbas específicas, que são pagas apenas em situações de demissão por justa causa ou outros motivos legais. Entre os itens que não são devidos estão:

  • Indenizações extras previstas em acordos coletivos: Caso não haja previsão específica no acordo coletivo da categoria, o trabalhador não receberá qualquer indenização adicional além das previstas na CLT.

  • Estabilidade no emprego: Salvo exceções como gestantes, dirigentes sindicais ou trabalhadores em período pré-aposentadoria, o empregador pode demitir o funcionário sem necessidade de justificativa.


Dicas Importantes para o Trabalhador Demitido sem Justa Causa

  • Planejamento Financeiro: Ao ser demitido sem justa causa, é importante fazer um planejamento financeiro com as verbas rescisórias recebidas. O seguro-desemprego, se for o caso, também pode ajudar a manter o orçamento equilibrado enquanto se busca uma nova oportunidade.

  • Revisar as Verbas Rescisórias: Antes de assinar qualquer documento, revise detalhadamente o cálculo das verbas rescisórias. Caso tenha dúvidas ou desconfie de algum valor, consulte um advogado trabalhista ou procure o sindicato da categoria.

  • Atualizar o Currículo: Após o desligamento, aproveite o momento para atualizar seu currículo e perfis profissionais online. Ter as informações prontas facilitará a busca por novas oportunidades.


Conclusão

A demissão sem justa causa é um direito do empregador, mas o trabalhador tem uma série de garantias previstas pela legislação para proteger sua situação financeira. Direitos como aviso prévio, multa do FGTS e seguro-desemprego são algumas das proteções que visam amparar o profissional durante a transição para um novo emprego.

Conhecer seus direitos é fundamental para que o trabalhador possa se planejar e tomar as medidas adequadas após ser demitido. Além disso, o cumprimento dos prazos e procedimentos pela empresa garante que a rescisão ocorra de maneira justa e dentro dos parâmetros legais.

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