Alvos da operação contra fraude em dados de vacinação de Bolsonaro e ajudantes
- TV-Jusatualiza 
- 3 de mai. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de jun. de 2023
Tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente foi preso na ação. Segundo PF, grupo falsificou dados em sistemas do Ministério da Saúde para acessar locais onde vacinação contra Covid-19 era obrigatória.
Por Bruno Tavares, Ana Flor, Isabela Camargo, Fábio Amato, Andréia Sadi, Vladimir Netto, Márcio Falcão e Pedro Alves Neto, TV Globo, GloboNews e g1

Conforme o Portal g1, a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (3), para apurar um suposto esquema de fraude em dados de vacinação envolvendo ajudantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem 16 alvos de busca e apreensão. Seis pessoas também foram presas.
Segundo a PF, houve fraude na carteira de vacinação de Bolsonaro. Ele é um dos alvos de mandado de busca e apreensão, que foi cumprido na casa onde ele mora, no Jardim Botânico, no Distrito Federal.
A TV Globo apurou que os alvos de busca são:
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República 
- Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro 
- Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid 
- Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal pelo MDB-RJ 
- Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército, ex-integrante da equipe de Mauro Cid 
- Farley Vinicius Alcântara, médico que teria envolvimento no esquema 
- João Carlos de Sousa Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ) 
- Max Guilherme Machado de Moura, segurança de Bolsonaro 
- Sergio Rocha Cordeiro, segurança de Bolsonaro 
- Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro 
- Eduardo Crespo Alves, militar 
- Marcello Moraes Siciliano, ex-vereador do RJ 
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022 
- Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias 
- Claudia Helena Acosta Rodrigues Da Silva 
- Marcelo Fernandes de Holand 
Já os seis presos nesta quarta são:
- tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro 
- policial militar Max Guilherme, segurança de Bolsonaro 
- militar do Exército Sérgio Cordeiro, segurança de Bolsonaro 
- secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha 
- sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid 
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022 O que dizem os citados? 
- Jair Bolsonaro: o ex-presidente da República afirmou que não tomou vacina e que não houve adulteração nos registros de saúde dele e da filha. "Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso", disse. 
- Mauro Cid e família: dizem que vão se manifestar quando tiverem acesso aos autos do processo. 
- Marcelo Siciliano, ex-vereador do Rio: o político disse que foi surpreendido por agentes da Polícia Federal em sua casa e teve o celular apreendido, mas não sabe o motivo da operação. Disse também que está à disposição para dar esclarecimentos. 
- Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva: disse que não vai se manifestar porque a investigação está sob sigilo. 
- João Carlos Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias: a TV Globo entrou em contato com a prefeitura da cidade, mas não teve retorno. 
O g1, a TV Globo e a GloboNews tentam contato com os demais citados.
Como funcionava?
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no inquérito que apura uma milícia digital contra a democracia. Os mandados foram cumpridos no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.
Segundo a PF, os suspeitos inseriram dados vacinais falsos sobre Covid-19 em dois sistemas exclusivos do Ministério da Saúde: o do Programa Nacional de Imunizações e da Rede Nacional de Dados em Saúde.
A corporação afirma que o objetivo era emitir certificados falsos de vacinação para pessoas que não tinham sido imunizadas e, assim, permitir acesso a locais onde a imunização é obrigatória.
A apuração aponta que os documentos fraudados teriam sido usados para a entrada de comitivas de Bolsonaro nos Estados Unidos, onde o ex-presidente permaneceu entre janeiro e março deste ano.
A TV Globo e a GloboNews apuraram que, além do certificado de Bolsonaro, também teriam sido forjados os documentos de vacinação:
- da filha caçula do ex-presidente, hoje com 12 anos; 
- do ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa, da mulher e da filha dele. 
Segundo a corporação, as fraudes ocorreram entre novembro de 2021 e novembro de 2022, e "tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários".
A PF afirma ainda que a inserção de informações falsas quanto à vacinação pretendia "manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".
Os suspeitos são investigados pelos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
A operação ganhou o nome de "Venire". Segundo a PF, é uma referência ao princípio "Venire contra factum proprium", que significa "vir contra seus próprios atos".
A Polícia Federal diz que esse é um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.




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